sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nortada - Bravo, Espanha!

Sempre que leio alguma critica do Sr. Miguel Sousa Tavares nunca chego ao final do primeiro paragrafo, talvez por achar que ele tem a sensação que o  Porto é o melhor do mundo e o resto são erros de calculo.
Pois bem, a poucos dias comecei a ler mais uma opinião sua de que gostei imenso, sim ele continua com o seu jeito fatal para criticar mas desta o alvo não era o Benfica, Sporting, Lisboa, Governo, Sócrates, Algarve, etc..


Aqui abaixo está a "Nortada" do 13, Julho de 2010.

"Não faço parte daqueles portugueses que vivem a invejar e maldizer a Espanha e a repetir a estafada frase dos maus ventos e maus casamentos. Pelo contrário, até aprendi que Filipe IV foi dos melhores governantes que já tivemos e não invejo a Espanha: admiro-a. Considero  a Espanha fabulosa pátria de nações, cuja diversidade é a sua força e cuja relação com o poder central não é feita de lamurias e reivindicações constantes, mas de gestos concretos de vontade e personalidade própria, da comunidade e das regiões. Em Portugal, vive-se a reclamar do poder - Subsídios, privilégios, apoios; em Espanha, faz-se e avança-se, sem o poder e , se necessário, contra ele. Nós fizemos descobertas através do monopólio da coroa, em que muitas vezes os capitães, os donatários e os governantes locais eram escolhidos pelo antiquíssimo e sempre actual sistema da «cunha»; os espanhóis descobriram a América com iniciativa privada, saida dos empresários de Sevilha.
Eu não invejo a Espanha, eu admiro-a. Admiro um país em que teve o Velásquez, Goya, Dali, Picasso, Miró, Cervantes, Cela, Unamuno, Montalbán, Almodóvar, Penélope Cruz, Joan Manuel Serrat. Que fez e preservou Santiago de Compostela, Trujillo, Barcelona, Sevilha, Alhambra, Salamanca, San Sebastian, Córdoba. Um Pais que produz campeões do mundo no golfe, na vela,  no basquetebol, no ténis, na equitação, nos ralis, na formula 1 e, agora, no futebol. Enquanto português e vizinho, não invejo a Espanha ; reclamo quando abusam de nós (não por quererem comprar a Vivo, mas quando nos roubam a água, as pescas, e nos encostam centrais nucleares junto á fronteira - essa coisa que os nossos governantes não se atrevem a reclamar). Mas, no resto, só posso admirar um país e um povo que sempre foi «mau aluno» europeu : Não acabaram com a siesta nem submeteram o seu calendário ao clima de Bruxelas, não deixaram de fumar mais ou menos onde querem, nem acabaram com as caçadas e as touradas, como querem os Zelotas de europeus, nem deixaram de comer o que gostam, por mais que politicamente incorrecto que seja. Por isso, a Espanha tem uma qualidade cada vez mais rara e preciosa: Têm personalidade. Los tiene en su sítio. E anteontem, em Joanesburgo, os espanhóis provaram que não é preciso abdicar daquilo que é próprio para conquistar o que se sonha. Mas dá muito trabalho, conquistar os sonhos..."


E eu também a admiro por manter a sua identidade.

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